Uma perspetiva existencialista
Traduzido por João Cardoso
This post was a submission for the 2020 uniMIND Blog Post Award.
“O Homem ou é vítima do seu desígnio ou mestre do seu destino.” Herbert Spencer
“O Homem ou é vítima do seu desígnio ou mestre do seu destino.”
Herbert Spencer
O conceito de Bewusstseinskultur1 (em português: cultura da consciência) tem recebido, ultimamente, bastante atenção. Este artigo focar-se-á em como a aplicação de alguns dos seus elementos-chave poderão ser benéficos tanto para o indivíduo como para a sociedade.
De modo a formular esta abordagem prática, da maneira mais clara e compreensível possível, não me deterei na contextualização teórica. Em vez disso, centrar-me-ei nos aspetos em que a Bewusstseinskultur é, objetivamente, relevante para o indivíduo comum quando confrontado com a existência. Estudei Filosofia e considero a perspetiva existencialista de grande valor, pelo que usarei essa abordagem.
Pretendo demonstrar que todos os que procuram avaliar a qualidade dos seus próprios estados de consciência podem, efetivamente, pôr em prática a Bewusstseinskultur. Antes de mais, definirei Bewusstseinskultur utilizando um enquadramento composto por três passos que constituem o cerne deste artigo:
Após expor a perspetiva existencialista, explicarei estes três passos mais pormenorizadamente. Por fim, discutirei os desafios na promoção da Bewusstseinskultur na sociedade e apresentarei uma perspetiva acerca do potencial impacto social da Bewusstseinskultur.
A perspetiva existencialista interessa-se pela condição humana, a condição que todos os seres humanos vivem. Esta perspetiva não se debruça propriamente sobre a cultura ou o sistema político nos quais os indivíduos existem. Antes, salienta os alicerces existenciais que caracterizam a vida de todos, independentemente do estado, religião, cultura, e outros fatores que variam a nível global. Os existencialistas perguntam: o que sobra quando se põe de lado estes fatores? Quais são as constantes da vida humana?
Todos são confrontados com a sua própria mortalidade. A inevitabilidade da morte não se altera nas diferentes regiões da Terra. Além disso, todos procuram um sentido de vida, assim como procuram coisas que a façam valer a pena. Ao fazê-lo, cada ser humano poderá vir a reconhecer a necessidade de assumir responsabilidade pela sua própria vida. Sem o esforço de a definir, pode-se acabar controlado por fatores externos – ou mesmo atribuir-se o papel de vítima.
Estes são alguns dos elementos-chave da condição humana: mortalidade, sentido, responsabilidade. Mas qual será a ligação entre a Bewusstseinskultur e a condição humana? A resposta abreviada é: consciência. À medida que vivemos as nossas vidas, enfrentamos a nossa mortalidade, procuramos um sentido para a vida e assumimos responsabilidades. Estamos igualmente conscientes de nós próprios. Os seres humanos não estão sujeitos apenas à experiência subjetiva, tendo também a capacidade de refletir sobre a própria experiência. Esta reflexão permite-nos estabelecer juízos de valor. Em termos simples: podemos decidir quais experiências queremos repetir e quais experiências queremos evitar no futuro.
Usando um vocabulário mais técnico, as experiências podem ser divididas em vários estados de consciência. A cada momento está presente um certo estado de consciência. Estes estados constituem aquilo que experienciamos como as nossas vidas. Podemos afirmar que existem estados de consciência que favorecemos em relação a outros. No decurso da vida, cada indivíduo experimenta estados de consciência que considera benéficos e proveitosos, bem como estados que são menos vantajosos ou mesmo destrutivos.
De forma simplificada, existem pelo menos três constituintes de um estado de consciência: pensamento, emoção e comportamento. Os estados podem implicar emoções positivas ou negativas, mais fortes ou mais subtis, mais ou menos pensamentos, e comportamento mais ativo ou mais passivo (o mais passivo dos comportamentos será o sono profundo). É importante reconhecer isto de modo a compreender como a Bewusstseinskultur poderá ajudar a lidar com a condição humana. Alterando os pensamentos, as emoções e as ações pode manipular-se a qualidade de um estado de consciência e, no melhor dos casos, melhorá-la.
A totalidade dos estados de consciência é avaliada de forma diferente por diferentes indivíduos. Acredito, porém, tal como o Prof. Thomas Metzinger2, que podem existir estados que são proveitosos para a maioria dos seres humanos. Não negando a liberdade de escolha, podemos, contudo, examinar as características desses estados e como podem ser evocados voluntariamente.
De facto, cada pessoa poderá conceber os seus próprios critérios para o que julga ser um estado favorável. Considero que cada indivíduo deva ter a liberdade de experienciar os estados que deseja, a menos que disto derive prejuízo para terceiros (com a exceção da autodefesa prevenindo danos infligidos a si próprio). Isto talvez soe familiar: trata-se de uma aplicação da Regra de Ouro3.
Metzinger sugere três critérios para determinar o que é um bom estado de consciência4,5:
Considero esta sugestão bastante apelativa. No entanto, poderão haver estados que não se enquadram nestes critérios e que, todavia, poderão ser considerados benéficos por certos indivíduos. Em vez de investigar quais os critérios para um bom estado de consciência, pretendo antes concentrar-me na motivação por detrás desta investigação. Por que razão perguntar: O que é um estado de consciência vantajoso?
A resposta parece bastante trivial: a vida de cada ser humano consiste numa série de estados de consciência. Por conseguinte, a pergunta poderia também ser formulada deste modo: em que estados de consciência quero principalmente viver a minha vida? Que tipos de estados constituem uma vida que valha a pena ser vivida? Que estados de consciência são desejáveis numa sociedade?
Em última análise, por detrás destas questões encontra-se uma das mais importantes interrogações filosóficas de todos os tempos: O que é uma boa vida?
A reflexão sobre os estados de consciência pode tornar esta questão mais específica e tangível e, desta forma, mais fácil de responder. Muitos indivíduos dirão que não querem sofrer nas suas vidas, no entanto, todos os seres humanos, por vezes, sofrem. Ao saber mais sobre quais os estados de consciência que causam sofrimento, estes podem ser evitados com mais frequência. Se igualmente se souber mais acerca dos estados que previnem o sofrimento, estes podem ser cultivados. Como ilustração da relevância prática desta perspetiva, considere-se o seguinte exemplo retirado da investigação em saúde mental.
É amplamente aceite que os estados que levam a comportamentos violentos causam sofrimento. Os seres humanos, porém, podem também sofrer na ausência de ações (violentas) de outras pessoas. Muitas formas de sofrimento podem resultar da resistência em aceitar a realidade, bem como da tentativa de evitar sentimentos negativos como o luto, a dor, ou inadequação. Quando a resistência é subjugada e o indivíduo rende-se a factos imutáveis ou emoções negativas, poderá, paradoxalmente, diminuir o sofrimento6.
Esta interpretação não explicará todas as formas de sofrimento, todavia, tem tido crédito por numerosos investigadores na área da psiquiatria e da psicoterapia 7. Alguns destes investigadores propuseram que a “aceitação” pode ser um fator-chave no tratamento de doenças mentais, tais como a depressão8. Isto pode incluir, entre outras coisas, a aceitação de aspetos ásperos da vida (p. ex.: a mortalidade), a aceitação das suas próprias emoções, ou a aceitação do seu próprio caráter.
Assim, o estado de “deixar ir”, “aceitar”, ou “render-se à vida” pode ser um exemplo de Bewusstseinskultur aplicada. Acima de tudo, as pessoas não querem sofrer. Podemos averiguar que estados de consciência causam sofrimento e que estados previnem o sofrimento. Os indícios sugerem que algumas das formas de sofrimento são causadas por estados de evitação e de resistência. Assim, quando se pretende viver uma vida com menos sofrimento, pode-se decidir cultivar estados caracterizados pela aceitação dos factos imutáveis e rendição às emoções, em alternativa a optar por estados compostos por fuga ou resistência.
Uma vez que um indivíduo tenha decidido que tipos de estados são desejados, é necessário dar um passo ainda mais importante: agir com base nessa decisão. A Bewusstseinskultur, ou seja, a cultivação sistemática de estados de consciência profícuos, só pode ser concretizada por intermédio da tomada de decisões e da ação com base nelas9. Ao decidir quais os estados de consciência que se quer experienciar, decide-se simultaneamente em detrimento de outros estados.
Por via da ponderação, pode-se continuamente reconhecer o estado de consciência atual e esforçar-se por mudá-lo para um estado que seja o mais vantajoso possível. Isto não deve ser confundido com tentar compulsivamente gerar sentimentos positivos.
As decisões são, portanto, ações intencionais que influenciam o estado de consciência. Depende do indivíduo ser esta uma influência positiva ou negativa. O termo decisão (do grego: krisis) era originalmente empregue para descrever o veredicto do juiz acerca do que era certo ou errado10. No que toca ao próprio estado de consciência, o indivíduo tem a mesma responsabilidade que um juiz no tribunal. Isto requer a aplicação de uma atitude ética e responsável em relação aos seus próprios estados de consciência. Responsabilizando-se por estes, o indivíduo pode também preparar-se para remediar estados de consciência destrutivos.
O poder de decisão e a reflexão ética constituem o segundo passo importante no quadro da Bewusstseinskultur. Aqui, deve-se reconhecer o poder para encaminhar os próprios estados de consciência numa direcção que seja útil e vantajosa. Assumir a responsabilidade pelos próprios estados de consciência é o ponto de partida para tomar decisões mais construtivas no futuro.
É de referir que na vida real, a distinção entre estados benéficos e nefastos é menos categórica do que gradual. Como tal, uma série de pequenas mudanças no estado de consciência podem ser o suficiente para provocar uma mudança positiva. Contudo, o pré-requisito para tal – e isto é crucial – é um certo grau de consciência e responsabilidade perante os próprios estados ser já um pressuposto11. Thomas Metzinger descreve este pré-requisito como autonomia mental12.
As decisões são acontecimentos. Estes acontecimentos indicam que foi praticada uma ação (mental), a qual influenciou o estado de consciência. Ao invés, quando se pensa em cultivar estados desejáveis, o período de tempo para tal é muito mais longo e o enfoque não está na alteração, mas sim na manutenção de um estado de consciência. A cultivação é uma ação contínua com o intuito de transformar um certo estado de consciência num estado mais permanente.
No entanto, é absurdo acreditar que um estado de consciência em particular perdure para sempre. De forma mais específica, a cultivação aponta para uma classe de estados semelhantes. Por exemplo, existem bastantes estados imagináveis, nos quais se está consciente e presente no momento, porém estes estados podem ser diferenciados pelo facto de emergirem diferentes sentimentos e pensamentos na consciência. Contudo, dado que o indivíduo quer cultivar “estados de presença de consciência”, todos esses estados pertenceriam à mesma categoria.
Uma objeção válida a esta noção da cultivação será que, na realidade, a cultivação consiste essencialmente em numerosas tomadas de decisão em série. Por exemplo, é irrealista partir do princípio de que uma pessoa ao decidir apenas uma vez assumir responsabilidade pela sua vida, venha a cultivar este estado, para sempre, após esta decisão isolada. Antes, persiste a necessidade de tomar, regularmente, decisões que prevejam o regresso a um estado de responsabilidade própria, após este se ter dissipado. No entanto, é de admitir que grandes decisões tomadas com forte empenho facilitem o cultivo de estados alinhados com essa decisão.
Porém, porque é que faz sentido pôr tanta ênfase na cultivação? Porquê preocupar-se em tentar tornar um determinado estado de consciência mais permanente? O mecanismo descrito na próxima secção talvez ofereça uma resposta a essa pergunta.
O termo “neuroplasticidade” refere-se a várias características associadas ao cérebro. Uma destas é relativa às ligações entre as células nervosas do cérebro adaptarem-se, permanentemente, à atividade – mesmo em cérebros adultos13. O cérebro restrutura-se, continuamente, de acordo com a experiência vivida, bem como com a sua própria atividade.
À escala dos neurónios individuais, a neuroplasticidade faz-se desta forma: “Se o axónio da célula A está suficientemente próximo para estimular a célula B e o faz, repetida e consistentemente, disto resulta um processo de crescimento (ou mudança metabólica), numa ou em ambas as células, e aumenta a eficiência com que a célula A estimula a célula B”. Desta complexa definição, formou-se a máxima de aprendizagem hebbiana: “Neurónios que eletrizam em conjunto, ficam enlaçados”. Neurónios que são ativados em conjunto, ligam-se cada vez mais. O inverso também se aplica: neurónios que são cada vez menos ativados em conjunto desconectam-se. A isto chama-se adaptação dependente da atividade. A atividade neuronal é, em parte, determinada por ações humanas: diferentes ações e estados de consciência causam diferentes padrões de actividade. Portanto, as pessoas têm parcialmente influência sobre a sua actividade neuronal e, por conseguinte, também sobre a forma como as ligações no cérebro se ajustam.
Além disso, quanto mais frequentemente um determinado padrão de atividade é evocado, mais fortes se tornam as conexões neuronais que caracterizam esse estado. Dito de forma simples: um certo estado de consciência, caso ocorra de forma repetida, ficará cada vez mais profundamente ancorado no cérebro. Será que este efeito de aprendizagem traz, porventura, benefícios no que concerne a lidar com a condição humana?
Há de facto evidências preliminares que sugerem que certas práticas de meditação têm impacto, a longo prazo, na estrutura cerebral e podem alterar o modo como o indivíduo perceciona o mundo15. Será o impacto a longo prazo igualmente responsável por outras práticas como a cultivação da responsabilidade e da aceitação?
O que sabemos acerca da neuroplasticidade indica precisamente isso, embora não seja óbvio o modo como cultivar um estado de aceitação ou responsabilidade com efeitos semelhantes aos dos estados meditativos. Além do mais, é simples dizer que se deverá cultivar uma atitude de aceitação em relação a todos os estados de consciência. Porém, o que significa isto na realidade? Como podem as pessoas aprender a eleger e a cultivar determinados estados de consciência?
Esta é uma questão com relevância, no mínimo, em igual grau, tanto para os filósofos, como para psicoterapeutas e psiquiatras. De facto, conceitos bem conhecidos da terapia comportamental baseada em mindfulness16 também podem ser descritos como “métodos para alcançar e preservar estados de consciência proveitosos: “todo o tratamento é concebido para escapar de ciclos depressivos de ruminação ou para não se deixar envolver neles em primeiro lugar”.
É aqui que a perspetiva individual da Bewusstseinskultur se correlaciona com a sua perspetiva coletiva. Cada indivíduo poderá decidir que estados lhe são proveitosos, e poderá cultivar esses estados em privado e com responsabilidade. Contudo, vivemos, simultaneamente, num mundo que pode ser descrito como uma realidade cocriada: as pessoas podem constranger ou apoiar-se mutuamente na cultivação de estados de consciência vantajosos. Além disso, cada pessoa contribui, em certa medida, para a qualidade da cultura de consciência da sociedade.
A par do trabalho de terapeutas e psiquiatras, existem também outras fontes de orientação e apoio. Por que razão deverá o indivíduo aceitar ajuda?
Torna-se agora óbvio que as tomadas de decisão em prol de estados de consciência favoráveis são, elas próprias, estados convenientes. Isto porque a escolha de estados favoráveis em vez de estados nefastos, pode implicar um certo grau de reflexão e atenção plena. Contudo é legítimo afirmar que alguns indivíduos podem não possuir essa capacidade.
É neste ponto que métodos como a mentoria podem ser importantes. No âmbito da terminologia deste trabalho, a mentoria pode ser descrita da seguinte forma: pessoas que já praticam Bewusstseinskultur com sucesso, isto é, possuem a experiência e as qualidades necessárias ao cultivo de estados benéficos, apoiam pessoas que não possuem ainda essas qualidades. Os mentores experientes ajudam as pessoas a ajudarem-se a si próprias, e são exemplos pelos quais os outros podem orientar-se. Isto permite aos seus mentorados cultivar estados favoráveis com cada vez mais responsabilidade18.
Para além dos sistemas de apoio mútuo, outras formas de aprendizagem interativa e prática podem ser úteis para a cultivação de estados benéficos. Tal estaria, igualmente, em consonância com o segundo critério de Metzinger (os estados favoráveis devem ter valor epistémico). Entre outras atividades, esta rede poderá ser constituída por clubes de exposição crítica e grupos de discussão que se concentram na expansão ou aprofundamento do saber, especialmente, no campo das ciências da mente e do cérebro, e na investigação da consciência.
De facto, este artigo educacional no blogue da MIND, assim como o Projecto uniMIND e a Academia MIND, surge precisamente deste desígnio. Nós – a Fundação MIND – queremos criar os espaços sociais e a rede de apoio para explorar e cultivar, em conjunto, estados de consciência potencialmente valiosos.
É bom tê-lo connosco!
This blog post was submitted to the uniMIND blog post award, in which members of uniMIND groups from all over Europe submit essays to the MIND Blog. Patrick is a member and coordinator of the uniMIND group in Berlin.
Isenção de responsabilidade: este post do blog foi traduzido e editado por voluntários. Os contribuidores não representam a MIND Foundation. Se notar algum erro ou inconsistência, por favor informe-nos – agradecemos qualquer sugestão que possa melhorar o nosso trabalho (mail to: [email protected]). Se deseja ajudar no processo de tradução, entre em contacto connosco para se juntar ao MIND Blog Translation Group!
Metzinger, Thomas. (2006).Der Begriff einer “Bewusstseinskultur.”(p. 1–16).
Fink, Sascha Benjamin. (2018). Commentary: The Concept of a Bewusstseinskultur. Frontiers in Psychology, 9.https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.00732
The Holy Bible, Matthew 7:12.
Simply put, a state with epistemic value enables us to gain more knowledge, to learn about more aspects of ourselves and our environment. This state may be reached by having conversations, reading or listening to information, or through direct experience of certain valuable states.
Metzinger, Thomas. (2009).Der Ego-Tunnel. Berlin: Berlin Verlag GmbH. (p. 327f.).
Watts, R., Day, C., Krzanowski, J., Nutt, D., & Carhart-harris, R. (2017). Patients ’ Accounts of Increased “ Connectedness ” and “ Acceptance ” After Psilocybin for Depression.Journal of Humanistic Psychology,57(5), 520–564.https://doi.org/10.1177/0022167817709585
ibid.
Metzinger, Thomas. (2009).Der Ego-Tunnel. Berlin: Berlin Verlag GmbH. (p. 330f.).
10. Turnherr, Urs; Hügli, A. (2007).Lexikon Existenzialismus und Existenzphilosophie. Darmstadt: WBG. (p. 68).
If this degree is not given, the person is dependent on support. How this can look like is explained in the sectionCollective Bewusstseinskultur.
Mental autonomy is defined by Metzinger as “the ability to establish rules for one’s own mental behavior, to select explicit goals for mental action, the ability to lead rationally and, above all, to deliberately inhibit, suspend or terminate an ongoing mental process” in Metzinger, Thomas. (2015). M-Autonomy.Journal of Consciousness Studies,22,(11), (p.270–302).
Menzel, R. (1996). Neuronale Plastizität, Lernen und Gedächtnis. In R. F. Dudel, Josef; Menzel, Randolf; Schmidt (Ed.),Neurowissenschaft. Berlin/Heidelberg/u.a., (p.497f.).
Millière, R., Carhart-Harris, R. L., Roseman, L., Trautwein, F. M., & Berkovich-Ohana, A. (2018). Psychedelics, meditation, and self-consciousness.Frontiers in Psychology,9(SEP). doi.org/10.3389/fpsyg.2018.01475
Wengenroth, M. (2016).Das Leben annehmen. Bern: Hogrefe.
Teismann, T. et al. (2012).Kognitive Verhaltenstherapie depressiven Grübelns.
Like it is done in theREBOUND Prevention Program.
Teismann, T. et al. (2012).Kognitive Verhaltenstherapie depressiven Grübelns. Retrieved from weekly.cnbnews.com/news/article.html