Os Psicadélicos Podem Realmente Mudar o Mundo?

A Possibilidade das Tecnologias Psicadélicas

Traduzido por Larissa Barbosa, editado por Laura Ramos

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David Dupuis, PhD

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Editado por Abigail Calder & Jared Parmer

 

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  • 8 minutes
  • Agosto 6, 2021
  • Ecology & Environment
  • Implementation & Society
  • Self-development
  • Technology
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Ao invés de optar por uma abordagem sedutora e ao mesmo tempo angelical — ver os psicadélicos como substâncias capazes de “curar o mundo” — ou por uma abordagem repressiva baseada no medo de que essas substâncias se tornem ferramentas de “lavagem cerebral”, deveríamos destacar aquilo que torna estas substâncias tão peculiares na extensa família dos psicotrópicos: a sua enorme sensibilidade a fatores extrafarmacológicos.

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Psicadélicos: ferramentas para uma transformação social ou vetores de transmissão CULTURAL?

Recentemente a co-fundadora da Extinction Rebellion Environmental Movement (Movimento ambiental de Rebelião contra a Extinção) fez um apelo público em prol de uma “desobediência psicadélica em massa”. Durante a conferência Breaking Convention (Rompendo Convenções) em 2019, a qual reuniu especialistas internacionais em substâncias psicadélicas em Londres, Gail Bradbrook, PhD, disse:

“Eu apoiaria uma desobediência civil em massa onde usaríamos substâncias (psicadélicas) para dizer ao Estado que eles não têm absolutamente nenhum direito de controlar a nossa consciência e definir a nossa prática espiritual. (…). As causas da crise são políticas, económicas, jurídicas e culturais sistémicas, mas por detrás disso estão também questões relativas a trauma humano, falta de poder, escassez e separação. O sistema está em nós e as substâncias psicadélicas representam uma oportunidade de mudar a nossa consciência.”1

O comentário da ativista ambiental faz eco a interpretações recentes de dados relativos aos psicadélicos, os quais sugerem que essas substâncias (LSD, mas também plantas como a ayahuasca, espécies de cactus contendo mescalina, iboga ou várias espécies de cogumelos com psilocibina) podem encorajar os usuários a terem uma maior consciência ecológica. Pesquisas feitas com a população em geral sugerem que experiências com drogas psicadélicas podem mudar a visão política das pessoas e suas atitudes em relação à natureza.2 Num recente estudo clínico com psilocibina,3 verificou-se que, após o tratamento, os participantes marcaram mais pontos nos questionários que mediam a “relação com a natureza” e menos pontos naqueles que mediam visões autoritárias. Os efeitos do tratamento duraram cerca de um ano.

Um crescente número de estudos científicos sugere que essas substâncias podem ser usadas para reforçar comportamentos pró-ambientais e desenvolver uma propensão à “biofilia”.4 Esse termo, proposto pelo biólogo Edward Osborne Wilson, PhD, refere-se à tendência dos seres humanos para estabelecerem fortes relações com outros seres vivos. Ainda que as pessoas não necessitem de psicadélicos para estarem em contato com a natureza, os usuários frequentemente destacam o maior sentido de interconexão com a natureza como um aspeto importante da experiência psicadélica. Recordando a reivindicação do movimento contracultural dos anos 60, nessa perspetiva, os psicadélicos são novamente vistos como ferramentas de transformação de opiniões políticas, o que — alguns acreditam— nos permitiria enfrentar melhor os desafios do nosso tempo, especialmente a crise ecológica.

Por mais atraentes que possam parecer, num mundo que enfrenta um nacionalismo crescente e tendo em conta a nossa inabilidade coletiva para lidar com a crise ecológica, alegações de que os psicadélicos podem “curar o mundo”5 devem ser vistas com extremo ceticismo. Primeiramente, ainda que ativistas psicadélicos tenham vindo a afirmar desde os anos 60 que o uso mais amplo de psicadélicos favoreceria uma sociedade mais progressista, existem muitos exemplos que contrariam essa ideia.6 Apenas citando o caso mais ilustre, lembremos que o uso generalizado de LSD pela seita organizada por Charles Manson não impediu que eles se apoiassem no racismo como ideologia e cometessem assassinatos violentos no final dos anos 60 em nome de uma “guerra racial”.

Em segundo lugar, não devemos esperar que um uso mais abrangente de psicadélicos irá automaticamente tornar as pessoas mais conscientes sobre o meio-ambiente. Como observei durante as minhas pesquisas etnográficas na Amazónia peruana nos últimos dez anos, o uso regular da ayahuasca não impede de nenhum modo que alguns xamãs indígenas empresários explorem os territórios naturais que ocupam em benefício das suas atividades lucrativas. O desenvolvimento do turismo xamânico exacerbou o turismo na região amazónica e as atividades de centros que recebem clientes internacionais têm frequentemente gerado danos devido à sobre-exploração de ecossistemas naturais. Enquanto os “turistas xamânicos” alegam ter desenvolvido uma relação diferente com a natureza graças à experiência em rituais psicadélicos, as minhas observações contam uma história diferente. A longo prazo, as experiências desses turistas têm um impacto ínfimo nos seus hábitos de consumo ou nos modos de produção nos quais eles estão inseridos, o que às vezes diretamente, mas sempre indiretamente, contribui para a destruição dos recursos naturais. Por exemplo, muitos deles continuam a utilizar o avião regularmente para participarem em rituais psicadélicos oferecidos por centros xamânicos na Amazónia peruana. Estas observações mostram que enquanto os psicadélicos podem de facto proporcionar experiências que despertam uma maior conexão com a natureza, o mais provável é que elas influenciem mais o autorrelato sobre essa mesma conexão sem que realmente ocorra uma mudança substancial nos comportamentos pró-ambientais.

Estes exemplos colocam em destaque uma contradição importante: apesar da causa da legalização dos psicadélicos ter evoluído recentemente juntamente com o interesse científico e popular nas suas propriedades terapêuticas, este “renascimento psicadélico” ainda está inserido numa lógica de economia de mercado. Tal contradição pode ser reforçada se considerarmos como, em contraste com os hippies dos anos 60 que utilizavam psicadélicos para fins revolucionários, na atualidade, os executivos do Vale do Silício (em inglês, Silicon Valley) aderem à microdosagem de psicadélicos com o objetivo de aumentar o seu desempenho, criatividade e produtividade num contexto de forte competição profissional.7

De facto, a mercantilização de substâncias psicadélicas foi denunciada por algumas figuras importantes do movimento psicadélico,8 mas existe uma lição mais ampla a ser retirada. Ao invés de considerarmos os psicadélicos simplesmente como ferramentas poderosas de transformação social, é preciso considerá-los como amplificadores não seletivos — e relativamente neutros— de elementos culturais pré-existentes. Tais observações sugerem que os efeitos dos psicadélicos na relação com a natureza podem ser interpretados mais como um reflexo do próprio sistema de valores dos participantes do estudo (frequentemente estudantes universitários de origem euro-americana). A partir desta perspetiva, o suposto impacto dos psicadélicos na nossa relação com a natureza pode ser um produto de um viés de seleção, evocando o bem conhecido viés sistémico na conduta de estudos psicológicos com participantes das sociedades WEIRD – Western (Ocidentais), Educated (Educadas), Industrialized (Industrializadas), Rich (Ricas) e Democratic (Democráticas).9 Estudantes universitários de origem euro-americana, que compõem a maior parte dos participantes desses estudos, são de fato conhecidos por terem um viés pró-ambiental quando se trata de relatarem as suas opiniões. Sendo assim, longe de ser uma panaceia universal capaz de “curar o mundo”, os psicadélicos podem refletir ou amplificar os valores dominantes dos indivíduos que os utilizam.

Essa interpretação é congruente com estudos de antropologia comparativa que mostram que enquanto algumas características das experiências induzidas por psicadélicos são semelhantes em muitas culturas (p.e., visões geométricas, alucinações), outras divergem extensamente. A subjetividade do sentimento, do significado ou do conteúdo das alucinações induzidas por psicadélicos são de facto frequentemente consistentes com elementos culturais específicos.10,11 Antropólogos que observaram essas semelhanças dentro de uma mesma cultura defenderam consequentemente uma abordagem culturalista das experiências psicadélicas. Claude Lévi-Strauss,12 por exemplo, propôs considerar os alucinogénios como “gatilhos e amplificadores do discurso latente de cada cultura e cuja elaboração pode ser permitida ou facilitada por drogas”.

Mas como é que a cultura formata exatamente o conteúdo alucinatório? Alguns antropólogos sugerem um enfoque em mitos, cosmologia, sistemas de parentesco, iconografia, ou rituais para compreender como a cultura determina mudanças não ordinárias na perceção. Recentemente propus um modelo chamado “socialização de alucinações”13 para explicar a maneira pela qual os intercâmbios verbais e as interações sociais moldam a experiência psicadélica, direcionando a atenção, as expectativas e a perceção. No entanto, esta questão está longe de ser resolvida e ainda há muita investigação a fazer para ampliar o entendimento dos fatores extrafarmacológicos da experiência psicadélica.14.15

PSICADÉLICOS COMO FERRAMENTAS DE TRANSMISSÃO CULTURAL: QUESTÕES ÉTICAS E DESAFIOS Políticos NO CONTEXTO DO “RENASCIMENTO PSICADÉLICO”

Além de produzirem experiências fortemente influenciadas pela cultura, as substâncias psicadélicas têm outra propriedade marcante: muitos observadores têm notado que a experiência psicadélica é frequentemente marcada pelo forte sentimento de obtenção de conhecimento não mediado.16  A experiência é geralmente recebida e vista como uma revelação, sem que haja necessidade de validação ou evidência externa.17 Na medida em que os psicadélicos produzem experiências cujo conteúdo é fortemente influenciado pela cultura, a utilização de psicadélicos pode levar o indivíduo a ter a forte sensação de que a alegação metafísica predominante na sua cultura é verdadeira. Acredito que essas duas propriedades tornam as substâncias alucinogénias poderosos vetores de transmissão cultural.

Tais observações podem oferecer uma (parcial) explicação para o estado de alta sugestionabilidade que as substâncias alucinogénias provocam nas pessoas, o que há muito tem sido considerado como um dos principais efeitos dos psicadélicos.18,19 Se a eficácia terapêutica se baseia na sugestionabilidade, isto levanta preocupações de ordem ética sobre o tipo de influência que terapeutas, xamãs e outros facilitadores estão a ter sobre os seus clientes, mesmo quando o processo terapêutico corre bem.20 Num artigo recentemente publicado com alguns colegas do Imperial College Centre for Psychedelic Research, argumentamos que estas características da experiência psicadélica podem atuar como uma “faca de dois gumes”.17 Ao mesmo tempo que pode produzir efeitos benéficos, a capacidade dos psicadélicos de induzir sentimentos de adoração e revelação pode gerar efeitos problemáticos na ausência de diretrizes éticas que regulem a sua utilização.

A falta de diretrizes éticas claras nas sociedades euro-americanas para o uso de substâncias psicadélicas — em contraste com as sociedades indígenas, nas quais esses usos são frequentemente enquadrados por normas tradicionais — parece explicar em parte porque é que algumas substâncias psicadélicas foram reavivadas nas pesquisas, mas recentemente proibidas em alguns países. Na França, por exemplo, a recente proibição da ayahuasca foi motivada por sérias preocupações governamentais sobre o possível uso da bebida psicadélica pelos chamados grupos de “culto” para fins de manipulação psicológica e “lavagem cerebral”.21 Embora a validade dessas preocupações possa ser debatida, a capacidade dos psicadélicos de aumentar a suposta veracidade das proposições culturais e a adoração dos detentores dessas proposições levanta sérias implicações éticas que precisam de ser cuidadosamente consideradas. Uma melhor compreensão de como o contexto influencia a experiência alucinogénia é, portanto, necessária a fim de identificar e minimizar riscos específicos e, em última instância, aumentar os potenciais efeitos positivos.14

 

EXPLORANDO AS SINGULARIDADES DAS SUBSTÂNCIAS ALUCINOGÉNIAS: EM DIREÇÃO ÀS TECNOLOGIAS PSICADÉLICAS

Longe de negligenciar o facto de os psicadélicos provocarem efeitos específicos devido às suas propriedades neurofarmacológicas, devemos igualmente admitir que a experiência psicadélica é fortemente moldada pelas normas e valores dos grupos sociais daqueles que os utilizam. Ao invés de optar por uma abordagem sedutora e ao mesmo tempo angelical — ver os psicadélicos como substâncias capazes de “curar o mundo” — ou por uma abordagem repressiva baseada no medo de que essas substâncias se tornem ferramentas de “lavagem cerebral”, deveríamos destacar aquilo que torna estas substâncias tão peculiares na extensa família dos psicotrópicos: a sua enorme sensibilidade a fatores extrafarmacológicos.

Esse enfoque nas propriedades singulares dos psicadélicos convida-nos a pensar a experiência psicadélica como algo sempre mergulhado numa dimensão cultural e social, e abre a perspetiva para desvendar “tecnologias psicadélicas”. Chamo de “tecnologias psicadélicas” os dispositivos sociais singulares compostos por elementos materiais, discursivos e interativos que têm a propriedade, quer conscientemente concebidos para este fim ou não, de moldar a experiência do usuário. A partir do surgimento do interesse das sociedades ocidentais pelas substâncias psicadélicas durante o século XX, inúmeras tecnologias psicadélicas surgiram, particularmente nos Estados Unidos.22  Instituições e indivíduos desenvolveram dispositivos específicos para o uso de substâncias psicadélicas para fins psiquiátricos, militares, terapêuticos, espirituais ou políticos, mas também para estimular a criatividade artística ou a inovação técnica. Para cada um desses usos, foram criados dispositivos específicos (i.e., tecnologias psicadélicas) a fim de controlar e direcionar os efeitos dessas substâncias no intuito de servir um propósito social específico.

As ferramentas psiquiátricas desenvolvidas por Humphrey Osmond para tratar pacientes com alcoolismo,23 as experiências de Oscar Janiger com os artistas de Los Angeles24 ou as lideradas pela CIA no âmbito do projeto Mk-Ultra Project25 são exemplos de três tipos de tecnologias psicadélicas diferentes desenvolvidas na América do Norte nos anos 50, todas em torno de uma mesma substância: o LSD.

Pesquisadores clínicos estão atualmente a desenvolver tecnologias psicadélicas para o tratamento de distúrbios mentais. O acentuado foco na importância dos fatores extrafarmacológicos na experiência psicadélica diferencia esta recente onda de pesquisa clínica daquela vivenciada nos anos 50.15 Como as restrições legais em torno destas substâncias têm se atenuado lentamente nos países do Norte Global, este pode ser o início do surgimento de inúmeras tecnologias psicadélicas. Trabalhos recentes sugerem, por exemplo, que substâncias psicadélicas poderiam ser utilizadas em processos de paz no contexto de conflitos sociopolíticos ou militares.26

Isso faz emergir a possibilidade de uma exploração sistemática do fator extrafarmacológico na experiência psicadélica, cujo arranjo constitui “tecnologias psicadélicas”. Consequentemente, poderíamos compreender melhor quais os fatores que especificamente transformam um determinado aspeto da experiência psicadélica e, assim, influenciar a experiência do usuário e a sua subsequente visão do mundo. Esta melhor compreensão da dinâmica da experiência psicadélica poderia levar ao desenvolvimento de tecnologias psicadélicas dotadas de maior precisão e eficácia.

As tecnologias psicadélicas vindouras podem colocar estas substâncias a serviço de práticas artísticas, por exemplo, mas também de práticas mais questionáveis eticamente, tais como fins comerciais, políticos ou militares. Diante das notáveis propriedades das substâncias psicadélicas aqui descritas, a comunidade científica, bem como a comunidade de usuários de psicadélicos, deve se manter vigilante em relação aos usos emergentes deste tipo de substâncias e suas implicações éticas no futuro próximo.

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Referências
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  6. Lucy In The Sky With Nazis: Psychedelics and the Right Wing [Internet]. Available at: https://www.psymposia.com/magazine/lucy-in-the-sky-with-nazis-psychedelics-and-the-right-wing/
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